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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Salário! Ou esmola?

Qual o tamanho da nossa força?

Será que sabemos?

Com essas duas perguntas eu quero começar a escrever essa matéria, porque todos reclamam tanto de salário, será que é pelo fato do Rio Grande do Sul estar em penúltimo na pesquisa nacional, que mostra a vergonha que é o salário de um policial, que arrisca a vida todos os dias quando coloca a farda ou se identifica como tal?

Porque temos medo de dizer que estamos ganhando pouco? Eu li um comentário de um colega, que disse anonimamente o seguinte “realmente ta ruim, mas quando eu me reclamei fui punido e comprometi minha carreira!” Será que isso é bom? Hoje em dia falamos tanto em direitos e deveres. Se realmente isso aconteceu, está errado. Porque nós temos que coibir tudo o que fazem de ruim para o cidadão e não podemos nem abrir a boca pra reclamar do nosso próprio salário. Tem algo errado ai.

Nossa! Alguém ser punido por reclamar do salário. Isso é um absurdo! Nós somos muito desunidos mesmo. Por isso somos facilmente conquistados, nos contentamos com algumas migalhas, brigamos entre nós, transferimos toda a raiva para nossos pares. Se eu sou mais antigo, eu encho o peito e reclamo que o praça é mais moderno e não pode receber a diferença que por direito é minha.

Mas nós não fazemos o trabalho que ele faz, nós canalizamos todo o nosso rancor para aquele que nos ajuda, por que ele recebe a diferença que alguém me disse que eu tenho direito. Porém essa diferença de função é uma coisa fictícia ela é tirada ao bel prazer de quem tem o poder de administrá-la.

Nós estamos canalizando a nossa raiva para o lugar errado e para as pessoas erradas, nós não temos que reclamar de antiguidade, nós temos que reclamar sim dos baixos salários. Temos que reclamar dessa desunião que existe em todos os níveis que faz com que alguns reclamem, mas não se manifestem porque se assim o fizerem vão perder aquela migalha (boquinha) que estão recebendo, o marginal nunca vai fazer distinção entre um nível ou outro, se sairmos fardados ou nos identificarmos como tal, o tratamento será o mesmo.

De um lado temos a sociedade cobrando segurança, um direito de todos. E do outro lado temos o Estado que só nos tem cobrado. Claro, nos prometendo um monte, mas para por ai... Somente promessas...

Temos enchido a barriga de nossos filhos de promessas (o meu até parece que tem lombriga), isso não é bom, porque nossos filhos têm no pai um policial, que luta pela justiça, que da a vida para salvar a de outros e quando ele pede algo, qualquer coisa, nós baixamos a cabeça e falamos que não temos dinheiro.

Temos sangue de guerreiros, não há tempo ruim e não tem problema difícil, mas quando se trata de nós mesmos temos medo criamos um monstro na nossa frente e não conseguimos enfrentá-lo porque somos desunidos, pelo menos na questão salarial.

O que devemos fazer?

Devemos achar boas as migalhas que nos são oferecidas?

É muito cômodo pra mim me escorar em alguém, ele bota a “cara à tapa”, reclama pela categoria e diz tudo aquilo que eu gostaria de ter dito e não consegue nada porque é uma pessoa apenas e tudo vai por água a baixo.

Eu me sinto frustrado porque não falei e meu colega, que tem o coração de guerreiro e que pensa em seus pares, normalmente é punido e se afasta do seu objetivo, ai o governo nos da uma migalha e nós aceitamos de cabeça baixa.

Fomos bombardeados com muitas promessas, circulou na internet uma proposta de realinhamento salarial. Nossa! Quase faço compras prevendo o que viria, mas junto tinha algumas coisas contra, nem tudo estava certo. Parece que tinha sido de propósito. Ou pegam o pacote inteiro ou não terão nada, o que nós ganhamos?

Quando eu entrei na Brigada Militar, tínhamos algo chamado VERTICALIDADE: Significava que o praça não podia ganhar menos de nove salários do posto mais alto. Em certa altura alguém achou por bem quebrar isso.

Hoje somos um dos Estados com a PM mais mal paga do Brasil. Chegamos ao ponto de que quem trabalhou trinta anos, ainda tem que voltar para garantir um pouco mais. Coisa que por direito ele teria que receber sem precisar trabalhar. Trabalho tem que ter recompensa e valorização compatíveis com o risco e o resultado, e não assim. Por exemplo, aquele que tem um problema de saúde, adquirido durante o tempo em que esteve na ativa, jamais poderá voltar e terá de se contentar com as migalhas de sua aposentadoria.

Nós somos tão desunidos que chegamos ao ponto de colocar a nossa vida, os nossos interesses na mão daquele que sempre da à cara para bater. Coletivamente, nós nos manifestamos entre nós (desde que não tenha um superior ouvindo), gritamos aos quatro ventos, mas isso morre ali. Sabemos que será levado ao ouvido de algum superior, mas também sabemos que isso será ignorado, porque ele é apenas um praça, sozinho.

Somos humanos, erramos, temos anseios, choramos... No entanto, não somos capazes de expor isso. Acredito que seja porque sobre esses seres humanos (nós) paira certo tipo de poder de heroísmo e abnegação. Nesse ponto, na verdade, parece que somos como latas de lixo, todos depositam em nós os seus piores sentimentos e nós escutamos, contemos e protegemos a sociedade de seus próprios medos e mosntros.

Como eu costumo dizer o povo brasileiro quer que o policial o carregue no colo. Temos que proteger, mas não podemos repreender, cansei de ouvir certas frases do tipo “Porque vocês não vão prender ladrões” ou “Eu pago o teu salário”.

Droga, isso deve doer um monte, porque quando o meu filho me pede pão e leite e eu não tenho, isso fica martelando em minha cabeça, muitos colegas tiraram a sua própria vida, talvez pensando que eram os errados e que se não estivessem ali aquilo não aconteceria.

Isso não está certo, nós não somos os bandidos, somos os policiais, temos de prender o bandido e repreender o cidadão, porque na lei não existe distinção e se eu não o fizer, eu estarei prevaricando ou me omitindo. E o que é pior, poderei ser punido ou perderei o meu emprego. Somos humanos, mas não podemos errar, na carreira policial, muitas vezes erramos uma só vez...

Não podemos nos contentar com essa situação, temos que dar um basta eu sempre disse que não quero ser rico, mas quero ter o mínimo pra poder dar o mínimo para minha família e poder levar uma vida e ter uma aposentadoria tranqüila, sem ter que me preocupar com coisas pelas quais me preocupei a vida inteira.

Assim quero encerrar minha matéria e deixar uma pergunta pra ser respondida por todos, reflitam sobre isso. Será que nós sabemos o tamanho de nossa força?...

Escrito por: Marco Aurelio Pires de Oliveira

Revisão: Marco Antonio Pires de Oliveira.

2 comentários:

  1. Muito bem mano. Tu tem um grande futuro como ideologo do trabalho em segurança. Persista e verás.

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  2. Marco Aurélio esse trabalho que voces fazem é muito importante, ainda mais nos dias de hoje, em que a violência no trânsito vem aumentando.
    Parabéns

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Bem vindos...

Agora nossa luta vai começar, VERTICALIDADE JÁ!!!!!!!!

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